Jodhaa Akbar, um épico espetacular!
Bom, pra começar, Jodhaa Akbar é quase um épico que conta mais ou menos a história real da paixão do imperador mogol Jalaluddin Muhammad Akbar, muçulmano, por Hira Kunwari (posteriormente chamada de Jodhabai), uma princesa hindu, filha do marajá de Amber (atual Jaipur), em 1562. É dirigido por Ashutosh Gowariker, o mesmo que dirigiu Lagaan e Swades. Akbar é ninguém mais que Hrithik Roshan e Jodhaa é a fabulosa Aishwarya Rai. E pra completar, a música é do mestre A.R. Rahman. Ou seja, tudo pro filme ser realmente bom.
Ah sim, e essa produção é uma das mais longas já feitas em Bollywood, com 3 horas e 31 minutos de duração (onze minutos menos que Lagaan, do mesmo Ashutosh).
Além disso, Akbar construiu a cidadela de Fatehpur Sikri, perto de Agra, que foi um dos lugares na Índia em que mais fiquei encantado quando visitei. Ela foi ocupada por apenas 12 anos e em seguida abandonada devido à seca, mas permanece intacta, 400 anos depois. De Jodhaa e Akbar nasceu Jahangir, que sucedeu seu pai no Império Mogol e que, por sua vez, foi sucedido por seu filho Shahjahan, que acabou por entrar na história pela construção do Taj Mahal, uma das atuais 7 maravilhas do mundo. E Shahjahan é, por sua vez, bisneto de Humayun (pai de Akbar), que reinou em Delhi e reside hoje sob a mais bela tumba da atual capital da Índia.
Mas como toda história tem seus mistérios e invenções (quem conta um conto aumenta um ponto, não é?), a própria existência de Jodhaa é controversa. Pra começar, o nome Jodhaa, ou Jodhabai, jamais apareceu em qualquer documento que fosse da época. Ao que consta, apareceu muito tempo depois, em contos recentes sobre o imperador, que é venerado até hoje por muitos. O fato é que ele casou-se mesmo com Hira Kunwari, posteriormente rebatizada com o nome muçulmano de Mariam-uz-Zamani Begum Sahiba, após um acordo diplomático com o marajá de Amber. Mas como esses acordos eram comuns na época, incluindo casamentos como forma de aliança, essa história de Mariam-uz-Zamani e Akbar é apenas mais uma. A cena piora ainda mais quando sabemos que ela era apenas mais uma do harém de Akbar.
Ou seja, dizer se Jodhaa realmente existiu e se ela era Mariam-uz-Zamani é uma tarefa em verdade impossível de ser confirmada. Mas nada disso tira a beleza do filme, que não deixa também de ser uma ficção. Ashutosh confessou que 70% da história do filme é obra de sua cabeça.
A forte personalidade de Jodhaa faz Akbar sentir-se muito desafiado. Mas é justamente com esse desafio que ele mergulha na paixão - e é isso que o filme explora do começo ao fim. Pra começar, ela própria coloca como condição ao casamento a permissão de ela seguir hindu e devota de Krishna, o que significaria levar ao palácio de Akbar uma estátua do deus hindu. E numa cena do filme, quando Akbar entra em seu quarto, nota que suas araras haviam sido soltas da gaiola, certamente pela condolida Jodhaa.
Mas como nem tudo são flores, Jodhaa enfrenta fortes resistências no reino de Akbar, e até mesmo rejeição. Ela passa a encontrar-se secretamente com seu irmão, mas Akbar descobre e fica furioso, na verdade por ciúmes, não sabendo quem era aquele homem misterioso com quem Jodhaa se encontrava.
O filme desenrola-se com todos esses entreveros, mas não cansa. A beleza dos figurinos, dos cenários, das músicas e das coreografias mantém a nossa atenção na obra. Aliás, a coreografia de Azeem-o-Shaan Shahenshah é simplesmente fantástica (essa música ficou famosa por fazer parte da trilha sonora indiana de Caminho das Índias). E Aishwarya e Hrithik estão absolutamente excelentes em seus papéis.
Na premiação do Filmfare Awards desse ano, Jodhaa Akbar levou o prêmio de melhor filme, além de melhor diretor pra Ashutosh Gowariker, melhor ator pra Hrithik Roshan, melhor escritor de música para Javed Aktar e melhor edição de som para A.R. Rahman. No total, o filme já soma onze prêmios, dentre eles o de Melhor Filme Estrangeiro votado pelo público na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2008). Aliás, no site oficial do filme, esse último prêmio aparece em destaque na página de abertura, dada a importância que nosso festival tem hoje para o cinema.
Para a produção do filme, que custou algo em torno de 15 milhões de reais, foram usados 80 elefantes, 100 cavalos e 55 camelos para cenas de guerra e cerimônias reais. Na coreografia de Azeem-o-Shaan Shahensha, cerca de mil figurantes foram utilizados, todos com figurinos de época, cuidadosamente detalhados e confeccionados. E Ashutosh é tão preocupado com os pequenos detalhes, que além de ter contratado uma grande equipe de historiadores, exigiu que as joias utilizadas no filme fossem todas de ouro de verdade, e não bijuteria. No total, mais de 400kg de ouro foram usados. E na minha opinião, até mesmo a trilha sonora, de A.R. Rahman, é uma das mais bem cuidadas e bonitas que já vi em Bollywood. Também pudera, Akbar era seguidor da linha Sufi no Islamismo, a mesma que segue Rahman, e essa influência pode ser notada em algumas músicas.
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Desejo-lhes dias felizes e iluminados!
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Obrigado por reproduzir este texto de Jodhaa Akbar! :D
Bjs!